terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Asneiras e vergonha alheia

Alguns fatos marcaram essa última semana. A entrevista da Lea T pro Fantástico sobre a sua cirurgia, a qual assisti e considerei como padrão, pois ela não falou nada de diferente. O dia da visibilidade trans. A entrevista do famigerado Silas Malafaia pra Marília Gabriela, a qual não assisti e tenho a audácia de dizer que não quero assistir. Publicações no site da Folha sobre o transgenerismo, seguidas de comentários totalmente estapafúrdios e fora da realidade. É sobre eles que vou me ater neste post.

O Brasil, que tanto se vangloria de ser um país de liberdades e miscigenações, por meio de uma democracia assustadoramente estranha, dá voz e respaldo a uma estirpe de pessoas que têm o pensamento idêntico ao de eras medievais, nas quais havia um poder temporal, que regia tudo e todos, e nas quais liberdade de pensamento, de expressão, e até de rejeição, era algo impensado.

Com promessas de engrandecimento profissional, cura eterna, dentre outras bizarrices, a mensagem de desrespeito não só aos transgêneros, mas aos homossexuais, bissexuais, dentre outros que não se enquadram no binômio macho-fêmea se alastra por todo o país, e aliada ao preconceito já existente não só pelo ódio imotivado mas também pela falta de conhecimento sobre o assunto, gera uma situação irreal: o dito país do "oba-oba", da liberdade, que repreende parte de seus cidadãos.

Acabo de ler um artigo que trata da "brilhante" ideia do "terceiro banheiro" (link), que seria uma forma de manter aqueles que são diferentes fora do alcance das mulheres "que se sentem ultrajadas por dividir o banheiro com uma 'mulher com pênis'". A formalização de uma segregação social baseada no sexo. Uma afronta a um direito fundamental garantido na nossa Constituição, o da dignidade da pessoa.

Menor seria minha indignação ao ler este artigo se eu não começasse a ler os comentários, abaixo do mesmo. Um sem-número de aberrações sociopatas e desrespeitosas com @s trans. Tudo baseado no mais puro preconceito, hoje vociferado por estas figuras, como diria, carismáticas, que têm uma assustadora aceitação pelas massas.

Primeiro, quem teve educação vai ter educação em qualquer lugar e vai saber se portar num lugar público, saber suas possibilidades e limitações. Segundo, se um homem se sente mulher, porta-se como tal, veste-se como tal, age como tal, por que diabos teria de usar um banheiro masculino? Somente por um miserável falo? Aliás, o falo é algo tão importante assim para se gerar um debate tão ridículo e hipócrita? Questão a se pensar.

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