quarta-feira, 19 de junho de 2013

O que a escola nos ensina

Dias atrás eu estava lembrando da minha época de escola, lá nos primórdios. E me veio a cabeça especificamente um livro que li acho que na terceira ou quarta série (atuais quarto e quinto ano). A princípio é um livro com uma história bem bobinha, típica de um livro infantil, mas sigam meu raciocínio.

A história era de dois irmãos, um menino e uma menina, que viram um arco-íris e não me lembro como resolveram atravessá-lo. Conseguiram e ao passar do arco-íris notaram que haviam "mudado de sexo". O resto do livro mostra a "agonia" dos dois com a nova situação, e ao final concluíram que só "voltariam ao normal" se atravessassem novamente outro arco-íris. Esperaram, e assim o fizeram, o menino voltou a ser menino e a menina voltou a ser menina, e foram felizes para sempre blá blá blá.

A discussão sobre o gênero me suscita algumas dúvidas sobre que tipo de mensagem livros como este passa às nossas crianças. Algumas interpretações: menino "virar" menina e vice-versa são anormalidades, coisas fantasiosas, que não devem ser levadas a sério (representação desta mensagem é a travessia do arco-íris); o dito "normal" é apenas o menino ser menino e a menina ser menina, e o que foge a essa concepção é terminantemente rechaçado (o inconformismo dos dois irmãos com a nova situação); e até mesmo a criação de um sentimento de aversão à diversidade sexual e de gênero (lembremos que o arco-íris é a bandeira do movimento LGBT).

Mais à frente, na sétima série (oitavo ano), quando a educação sexual, pelo menos nas escolas particulares, passa a ser um tema mais discutido, ainda que rasamente (a discussão ainda hoje se volta quase que totalmente ao tema da reprodução e das doenças sexualmente transmissíveis), vemos aquela discussão sobre a reprodução num ponto de vista puramente anatômico, tá, nasceu com pênis, é menino, nasceu com vagina é menina, o que gera as duas distintas "moldagens sociais". E os hermafroditas, são o quê? Qual será sua "moldagem social"?

Não poderia esperar mais, afinal venho de uma comunidade de criação extremamente cristã, sendo que desses cristãos, grande parte é evangélica, e entre os cristãos falar abertamente de sexo é algo de outro mundo, pecaminoso. As questões que ficam são: que novas abordagens em relação à sexualidade e à diversidade de gênero podem ser tomadas pelo sistema educacional? As abordagens existentes e as propostas podem influenciar comportamentos extremistas no presente ou no futuro próximo? Não tenho estas respostas. O espaço de ideias está aberto para contribuições.

Video da noite: Verka Serduchka - Dancing Lasha Tumbai

Nem só de loiras com seios de fora vive a Ucrânia. Verka Serduchka (nome artístico de Andrei Danilko) é um famoso transformista do seu país. Em tempos de tensão, nada como se divertir um pouco com essa apresentação marcante que ficou em segundo lugar no Eurovision Song Contest (o concurso europeu de música) no ano de 2007.

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