quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Situação hipotética

Você entra numa lanchonete.
- Por gentileza, um suco de laranja.
O atendente olha bem, cochicha com alguém que parece ser o gerente do lugar.
Vai até onde estão as frutas, pega um melão, faz o suco e lhe entrega.

Você olha o suco de melão.
- Desculpe, eu pedi suco de laranja.
O atendente faz cara de veja-bem.
- Mas você só pode tomar suco de melão.

Você fica em choque.
- Espere um pouco! Primeiro, eu não gosto de suco de melão, e segundo, se eu pedi suco de laranja, e tem laranja, porque eu estou vendo ali nas frutas, eu não sei porque eu não teria direito a um suco de laranja. Me chame o gerente.

O gerente vai falar com você.
- Então, eu pedi um suco de laranja, o atendente vem e me traz um suco de melão, e me dá uma razão estúpida pra não me trazer o de laranja!
- Mas é que se a gente fizer o suco de laranja pra você, vai ser antinatural, porque você só pode tomar o suco de melão, a laranja dá uma confusão muito grande, a gente faz o suco de laranja e depois o dono vem e xinga a gente, por que vocês deram suco de laranja pra pessoa tal, depois ela reclama do suco na Vigilância Sanitária, e vem uma multa enorme.
- O que você disse? Eu ouvi direito? Isso é um disparate! Eu deveria era sair daqui e ir em outro lugar, mas essa é a única lanchonete aberta na cidade agora, e pra fazer um mísero suco de laranja é essa putaria toda? Eu deveria processar vocês!

Deixo o final da história em aberto, no melhor estilo "você decide", para iniciar o meu raciocínio.

Essa cena pode parecer absurda e irreal, certo? Certo.
Agora vamos transplantá-la para a realidade. Para a nossa realidade específica.

Para um cenário específico: o ambiente de trabalho.
Vamos trocar o pedido: ao invés de um suco de laranja, você só quer ser alguém.
Vamos trocar o suco de melão: para a empresa, você só pode ser "meio alguém".
Vamos entender a "confusão muito grande": é a "burrocracia".
Vamos tipificar a antinaturalidade: é a ignorância.
Vamos justificar a razão estúpida: é o preconceito.
Vamos exemplificar o "medo de problema": ao invés d@ cliente reclamar da laranja na Vigilância Sanitária, @ "meio alguém" resolve fazer um ilícito usando-se da nova realidade.
A única lanchonete aberta é o seu emprego. O outro lugar seria outro emprego.
Achar uma outra lanchonete aberta pode ser fácil, dependendo do lugar. Achar outro emprego não.

Fim do raciocínio. Quanto às reflexões, "they're up to you".

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